Babygirl
Uma CEO poderosa coloca sua carreira e família em risco quando começa um caso ardente com seu muito mais jovem estagiário. A atriz Nicole Kidman recebeu, por esse longa, o prêmio de melhor atriz no festival de cinema de Veneza de 2024. Ela interpreta a protagonista Romy, uma mulher imponente, CEO de uma grande empresa, acostumada a dar ordens e ser respeitada, mas que tem dificuldades de lidar com suas vontades e desejos reprimidos.
Em contrapartida, Harris Dickinson interpreta Samuel, um jovem rebelde. Ele não tem nenhum respeito aparente por figuras de autoridade, e muito por conta disso acaba causando um choque em Romy quando tem coragem de interagir com ela de forma que mais ninguém em sua vida o faria. Os colegas de trabalho se inspiram nela, o marido a ama e respeita, mas ele demonstra uma irreverência e ousadia que a surpreendem.
Este é o terceiro filme da diretora Halina Reijn, que vem conseguindo mais destaque, desta vez com ampla distribuição internacional. Os cenários são meticulosamente construídos para expressar o psicológico da protagonista. Quando ela está trabalhando ou cuidando da família, tudo está exageradamente organizado e limpo; nem o armazém da sua empresa escapa da perfeição exagerada. Quando Romy começa a se entregar a suas vontades escondidas, os ambientes que ela frequenta mudam junto com seu estado mental e transmitem muito bem o seu emocional. Além dos visuais, a trilha sonora é excelente, capaz de induzir a ansiedade e sensualizar ao mesmo tempo e na medida certa.
Aqui acompanhamos uma abordagem diferente para o erotismo no cinema. O foco não está nas cenas eróticas, e diferentemente do que o material de marketing pode dar a entender, não existe nenhum grande momento de nudez explícita. Em Babygirl, o interesse da diretora é no thriller psicológico; nas consequências emocionais da relação íntima que é desenvolvida.
Curiosamente, o filme tem alguns momentos cômicos inesperados que podem quebrar um pouco do suspense para alguns. Nem todo mundo no cinema pareceu rir, e às vezes fica a sensação de que a comédia não foi intencional.
Existe muita ênfase em manter o suspense sempre à tona, portanto personagens coadjuvantes como o marido da protagonista e sua filha mais velha, Jacob (Antonio Banderas) e Isabel (Ester McGregor), são por muitas vezes ignorados e mal desenvolvidos. Além disso, o casal principal também sofre com a falta de profundidade do roteiro; algumas coisas sobre seus passados chegam a ser implicadas, mas nunca exploradas. Apesar de conseguir manter a atenção do espectador por toda a duração do longa, a falta de desenvolvimento dos arcos dramáticos de outras personagens acaba por reduzir muito o impacto da história e, principalmente, da sua conclusão.
Babygirl traz uma abordagem revisionista para o subgênero do suspense erótico, dependendo e se beneficiando de uma grande atuação de Nicole Kidman. Apesar de ser uma abordagem única, falha em trazer qualquer tipo de carisma para outro personagem além da protagonista, com um terceiro ato fraco e sem impacto.
Nota: 6/10