Nessa obra, acompanhamos o Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes) encarregado pela execução do Conclave, o evento secreto em que os principais líderes da Igreja Católica se reúnem para a escolha do próximo Papa.
O diretor já havia surpreendido na temporada de 2023, quando seu filme em língua estrangeira (Nada de Novo no Fronte) venceu o Oscar de melhor filme internacional. Aqui, nós somos graciosamente lembrados da sua atenção a detalhes técnicos. Não me refiro apenas ao visual, como fotografia, ambientação e design de produção, mas também aos ritos da Igreja, que fazem parte de todo o processo do Conclave, e não são abertos para o público.
Além de um filme sobre o processo de eleição de um novo Papa, Conclave também é uma trama política. O filme possui vários coadjuvantes, que representam diferentes linhas ideológicas do catolicismo, e nos coloca em uma trama envolvente na disputa pelo poder. Infelizmente, o filme toma a decisão de não se aprofundar nas ideologias que cada líder na disputa representa, e se concentra mais nos próprios personagens, limitando a disputa para um mero caro de liberais contra conservadores.
Ainda assim, a trama está recheada de críticas autênticas e atuais à igreja católica. Essas podem desagradar ao espectador mais conservador, mas são inseridas na trama de forma respeitosa, não agredindo a fé de ninguém, mas questionando a defesa de pessoas imorais acima dos valores da religião.
Conclave vem como o principal candidato da Focus Features para a temporada de premiações de 2025, e indicações para Melhor Filme e Melhor Ator nas mais diversas premiações são uma garantia. A dúvida que fica é se essas indicações irão se concretizar em algum prêmio, sendo que desde cedo a Netflix e a Neon já são as favoritas. Fica a expectativa de reconhecimento para o Ralph Fiennes, que está excelente e carrega, com excelência, o peso emocional de um homem que duvida da própria fé, enquanto lidera a escolha de um novo representante para uma religião que tenta não ficar presa no passado.
Nota: 8/10