F1 é uma produção original da divisão de filmes da Apple, dirigida por Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick) e estrelada por Brad Pitt e Damson Idris. Com um orçamento que ultrapassa os 200 milhões de dólares, o longa foi filmado durante corridas reais de Fórmula 1 em busca de autenticidade. Esse esforço também trouxe o heptacampeão Lewis Hamilton como produtor executivo, oferecendo consultoria técnica para as cenas de corrida. Para capturar imagens sob o ponto de vista do piloto, a Apple desenvolveu uma nova câmera baseada no iPhone, capaz de registrar as tomadas diretamente dos carros. O filme já se consolidou como o maior lançamento cinematográfico da Apple, superando Napoleão, de Ridley Scott.
Na trama, o lendário piloto Sonny Hayes (Brad Pitt) sai da aposentadoria para voltar às pistas como mentor do novato Joshua Pearce (Damson Idris), uma promessa da equipe fictícia ApexGP. O filme acompanha a trajetória de Sonny enquanto ele arrisca tudo para transformar a equipe em uma verdadeira competidora. A narrativa mostra que, mais do que velocidade, vencer exige estratégia, experiência e relações sólidas dentro e fora das pistas.
Embora centrado em um esporte, o roteiro não se limita às corridas e se preocupa em construir arcos emocionais para os personagens, além de relações complexas entre protagonistas e coadjuvantes. Alguns desenvolvimentos podem parecer forçados, mas isso é comum em filmes que cobrem períodos extensos e ainda precisam dar atenção a aspectos técnicos, como é o caso das cenas de corrida.
Para quem não acompanha a Fórmula 1 de perto, certos momentos podem soar exagerados ou até impossíveis. No entanto, há um truque interessante dos roteiristas: muitos dos acontecimentos foram inspirados em momentos marcantes da modalidade nos últimos anos. Mesmo que esses eventos tenham ocorrido em temporadas diferentes e com pilotos distintos, a adaptação é válida como recurso narrativo.
O diretor também acerta ao contextualizar a história no cenário atual da competição. A decisão de filmar em eventos reais permitiu a inclusão de participações rápidas de nomes importantes da Fórmula 1 contemporânea. Nem todas as cenas conseguem integrar de forma totalmente convincente os personagens fictícios aos corredores reais, mas a escolha de usar elementos do mundo real foi bem mais interessante do que criar um universo completamente inventado.
As corridas, que poderiam ser cansativas para quem não é fã da modalidade, são bem distribuídas ao longo do filme. A duração de 155 minutos pode parecer longa, mas a narrativa é dinâmica, com boas alternâncias entre ação e desenvolvimento de personagens. A direção de Kosinski é precisa, e nenhuma cena parece se alongar mais do que o necessário.
Sonny é um personagem carismático, mas contido, que evita demonstrar emoções profundas. Ainda assim, Brad Pitt consegue transmitir muito com gestos e olhares, revelando o que seu personagem não verbaliza. Damson Idris, por sua vez, interpreta um piloto jovem, impulsivo e orgulhoso, que precisa enfrentar os próprios erros e aprender a liderar sua equipe de forma madura e responsável. A tensão entre os dois sustenta parte importante do drama.
F1 é um filme tecnicamente impressionante que, mesmo preso a algumas limitações do gênero esportivo, constrói uma narrativa envolvente. Usa o automobilismo como pano de fundo para contar uma história sobre superação, parceria e crescimento pessoal. Quem é fã da Fórmula 1 talvez note algumas imprecisões, mas a força da trama e a intensidade das corridas são suficientes para prender a atenção do público do começo ao fim.
Nota: 8/10