Este filme, baseado na história em quadrinhos Here de Richard McGuire, reúne oito membros do elenco e da equipe de Forrest Gump (1994): Tom Hanks, Robin Wright, o diretor Robert Zemeckis, o escritor Eric Roth, o diretor de fotografia Don Burgess, o compositor Alan Silvestri, o designer de som Randy Thom e a figurinista Joanna Johnston.
O longa se ambienta em um único lugar: a sala de uma casa. Acompanhando diversas famílias ao longo de gerações, todas conectadas por este espaço que um dia chamaram de lar. Usando esse ambiente único para ilustrar as transformações ocorridas em diversas eras, desde os primórdios da humanidade, Richard (Tom Hanks) e Margaret (Robin Wright) são um casal que colecionou nessa casa uma jornada de amor, perdas, risos e memórias.
A proposta dos quadrinhos, que o filme tenta adaptar, é apresentar uma viagem pela linha do tempo da humanidade, contada de forma emocionante e surpreendente, onde tudo acontece em um único lugar: Aqui.
Apesar da intrigante ideia de acompanharmos diversas famílias e momentos históricos, existe sim uma trama principal com um protagonista. Talvez por conta disso, todos os outros personagens, que vivem em outras épocas, parecem desnecessários e estão ali apenas para ocupar espaço com referências fracas que não agregam muito para a experiência.
A maior estrela do filme não é o Tom Hanks, mas sim a câmera fixa na sala de estar onde a maioria das cenas acontece (e as que ocorrem fora da sala ainda são no mesmo lugar, mas antes da casa ser construída). A qualidade da atuação é competente, mas a falta de ritmo com a constante mudança de qual momento histórico estamos acompanhando, acaba prejudicando a experiência. Como se isso não bastasse, ao invés de maquiagem, é feito o uso de um filtro digital para envelhecer e rejuvenescer os personagens, que teve um resultado extremamente esquisito e artificial.
O diretor, apesar do roteiro desafiador, sabe trabalhar muito bem com os arcos emocionais dos personagens da trama principal, mas a câmera estática acaba muitas vezes nos passando a impressão de que a história foi feita para uma peça de teatro, e que provavelmente seria mais efetiva como tal.
Também é tomada uma decisão um tanto curiosa para sobrepor 2 tempos históricos distintos na tela, inspirada na arte da história em quadrinhos em que o filme é baseado. A intenção era mostrar algumas relações entre acontecimentos que ocorrem em diferentes épocas, mas a execução falha em impressionar.
Em uma tentativa falha de mostrar registros recortados de diferentes épocas, que formam um quebra-cabeça confuso e mal explorado, Here é um filme que ainda assim acaba encontrando sucesso ao contar uma história minimalista sobre os altos e baixos da vida. Uma versão com 30 minutos a menos de duração, que se focasse mais na história de Richard e Margaret e menos em ser uma adaptação fiel dos quadrinhos, poderia ter evitado a desastrosa repercussão que o longa teve em seu lançamento nos Estados Unidos.
Apesar da perspectiva já certa de ser um fracasso de bilheteria, os fãs de histórias mais intimistas, que exploram o cotidiano da vida, têm aqui uma obra que se torna interessante apesar de falhar com sua proposta principal. Para os fãs de Forrest Gump, que se interessaram exclusivamente pela ideia de reunir a equipe do clássico para um novo projeto, talvez seja melhor esperar a chegada do filme em alguma plataforma de streaming.
Nota: 5/10