Um conto gótico de obsessão entre uma jovem assombrada e um vampiro aterrorizante apaixonado por ela, causando um horror incalculável em seu rastro.
Thomas Hutter (Nicholas Hoult) é um vendedor de imóveis enviado para conduzir negócios nas montanhas da Transilvânia. Durante todo o longa, assistimos a Thomas tentando lutar contra a influência exercida sobre ele pelo Conde Orlok (Bill Skarsgard). Na melhor interpretação de sua carreira, Skarsgard não é um novato em interpretar vilões de terror, mas aqui ele alcança um novo patamar ao trazer vida à personificação do mal. Esse mesmo mal encarnado assombra a esposa de Thomas, Ellen Hutter (Lily-Rose Depp). Em um papel que inicialmente seria da atriz Anya Taylor-Joy, Lily-Rose nos traz uma performance formidável e torna difícil imaginar qualquer outra atriz interpretando a personagem.
Prof. Albin Eberhart von Franz (Willem Dafoe) é um especialista em ocultismo que tenta ajudar os Hutters, e Aaron Taylor-Johnson e Emma Corrin fazem performances eficazes como os Hardings, amigos dos Hutters que supervisionam a problemática Ellen enquanto Thomas viaja para encontrar Orlok.
Este é o quarto filme de Robert Eggers, que já conquistou um grupo considerável de fãs e, desde seu primeiro projeto, The Witch, vem trabalhando em produções cada vez maiores e mais ousadas. A fotografia do longa é linda e a ambientação é envolvente. Existe muita atenção aos pequenos detalhes e a forma como a revelação de Orlok é feita aos poucos, e o uso das sombras para esconder o personagem sempre que ele aparece é inteligente.
Eggers parece ter se esforçado em fazer um filme que tenha mais apelo para o público geral, e encontra formas de fazê-lo sem se dissociar de sua identidade. Jump scares (sustos) são utilizados, mas não de forma trivial para gerar sustos baratos, e cenas com elementos mais gráficos existem, mas novamente se encaixam na história e não são inseridas apenas para agradar o espectador que busca uma dose barata de adrenalina.
O roteiro sofre com a quantidade de personagens. Filmes anteriores do diretor possuíam núcleos menores, com apenas um protagonista e uma pequena quantidade de coadjuvantes, enquanto aqui muito mais histórias precisam ser desenvolvidas em paralelo e, às vezes, pode parecer que o filme perde o ritmo na segunda metade.
Baseado no longa homônimo de 1922 e no livro clássico de terror gótico Drácula, de Bram Stoker, Nosferatu traz uma versão moderna dessa história clássica com maestria e respeito pelos originais. Aqui vemos a escuridão deixar de ser a mera ausência de luz para se tornar algo maléfico e com vida própria. Trazendo ótimas atuações de todo o seu elenco e um trabalho meticuloso de direção, Robert Eggers vem se consagrando como um dos melhores diretores de sua geração.
Nota: 8/10