Com o quinto livro previsto para setembro de 2025, O Clube do Crime das Quintas-Feiras é uma série literária de detetive escrita pelo apresentador britânico Richard Osman. Em 2024, o diretor Chris Columbus assumiu a adaptação do primeiro volume, que ganhou lançamento internacional pela Netflix.
No filme, quatro aposentados excêntricos formam um clube semanal para resolver crimes antigos em uma pacata comunidade de idosos. Quando um assassinato real ocorre, o grupo formado por uma espiã aposentada, um antigo líder sindical, um psiquiatra sagaz e uma enfermeira perspicaz se envolve em uma investigação que mistura amizade, memórias e segredos. Mas sob o charme britânico, os segredos enterrados resistem ao esquecimento, e cada xícara de chá pode esconder uma pista.
A Netflix já consolidou um padrão visual em suas grandes produções, e isso se repete aqui. Os cenários são bonitos e vibrantes, os figurinos chamativos, e a maquiagem deixa todos os personagens com uma aparência quase impecável.
Se a estratégia da plataforma é criar franquias a partir de livros já estabelecidos, como em A Rua do Medo e Enola Holmes, também se repete o problema que parece comum a essas adaptações: a fragilidade do roteiro. Em Hollywood é normal que uma história passe por dezenas ou até centenas de revisões antes de ser filmada, mas a Netflix vem abrindo mão desse cuidado. O resultado se reflete em uma trama rasa e em subtramas sem profundidade.
O elenco principal reúne Helen Mirren, Pierce Brosnan, Ben Kingsley e Celia Imrie. Todos são experientes, compreendem bem seus papéis e têm momentos de destaque que sustentam a química do grupo na tela.
Quando esse material passa pelas mãos de Chris Columbus, o resultado final se encaixa perfeitamente no restante da carreira do diretor. Famoso por Esqueceram de Mim (1990) e pelos dois primeiros filmes da franquia Harry Potter, ele mais uma vez opta por um tom leve, acelerando e suavizando a narrativa nos momentos sombrios da história. O foco é entregar um filme que pode ser visto pela família inteira, ainda que envolva múltiplos assassinatos e personagens que controlam redes de trabalho exploratório.
A conclusão da trama deixa muitas pontas soltas, o que não surpreende, já que a confirmação de uma sequência deve ser apenas questão de tempo. Talvez, com personagens e relações já estabelecidas, a continuação consiga ser mais enxuta e menos cansativa.
A conclusão de O Clube do Crime das Quintas-Feiras deixa claro que o filme cumpre seu papel como entretenimento leve, mas não chega a se destacar. O charme britânico, o elenco competente e o mistério simpático ajudam, mas são insuficientes para superar a superficialidade do roteiro e as coincidências que sustentam a trama. No fim temos o mais puro suco da sessão da tarde, um filme que se assiste com facilidade, mas é rapidamente esquecido, reforçando a impressão de que a Netflix priorizou a construção de uma franquia ao invés de criar uma obra memorável.
Nota: 5/10