O slasher é um subgênero do terror caracterizado por produções de orçamento mais baixo, onde um grupo de jovens precisa lutar pela sobrevivência contra um assassino em série, com mortes gráficas e violentas. Ao longo das décadas, esse formato evoluiu em três grandes eras: a clássica (década de 70), a autoreferencial (década de 90) e a neoslasher (década de 2000).
A saga Premonição conquistou seu espaço como uma das principais representantes da última fase do subgênero, iniciada com o lançamento do primeiro filme em 2000. Diferente dos slashers tradicionais, que traziam assassinos mascarados perseguindo suas vítimas, essa série inovou ao transformar a própria morte na força implacável que conduz os eventos macabros. Após o sucesso da trilogia Rua do Medo (2020) da Netflix e o retorno de Pânico (2022), os estúdios parecem empenhados em ressuscitar o formato, trazendo agora um sexto capítulo que promete modernizar a fórmula para o público contemporâneo.
Em Premonição 6: Laços de Sangue, Stefanie (Kaitlyn Santa Juana), uma jovem universitária assombrada por visões aterrorizantes, retorna à cidade onde cresceu em busca de respostas. A chave para quebrar o ciclo mortal parece estar em sua avó Iris (Gabrielle Rose/Brec Bassinger), que, décadas atrás, salvou inúmeras vidas ao prever uma tragédia iminente. Agora, enquanto a sombra do destino volta a se erguer, Stefanie precisa decifrar os mistérios do passado e impedir que a maldição reclame novas vítimas.
A primeira grande novidade é a reformulação do roteiro, que se afasta da estrutura repetitiva dos cinco filmes anteriores. Embora ainda apresente diálogos genéricos e personagens sem grande profundidade emocional, a mudança era necessária para manter a relevância da história e viabilizar futuras continuações.
Outro elemento que permanece intacto é o impacto das mortes, que ocorrem em situações aparentemente cotidianas. Ao longo dos anos, Premonição criou momentos icônicos que ficaram impregnados na mente do público, transformando cenários comuns em verdadeiros pesadelos. Mesmo que algumas dessas cenas pareçam mais exageradas neste novo filme, a essência do terror ainda está presente.
O elenco principal não se destaca, sendo os coadjuvantes Erik (Richard Harmon) e Bobby (Owen Patrick Joyner) responsáveis por algumas das melhores cenas. Já William Bludworth (Tony Todd), o personagem mais emblemático da série, faz sua quinta aparição — possivelmente a última. Dessa vez, ele recebe muito mais espaço na narrativa do que em todos os outros longas juntos, funcionando como uma despedida para o ator e uma homenagem ao legado do personagem.
Como em todo slasher, o foco principal não são os protagonistas, mas sim as mortes. Elas continuam extremamente inventivas e carregam a dose certa de humor, característica que sempre definiu a identidade da franquia. O único problema é a insistência na utilização de efeitos visuais para cenas que poderiam ser executadas com maquiagem prática, algo que filmes recentes como Terrifier, A Substância e A Morte do Demônio: A Ascensão provaram ainda ser a melhor abordagem para o terror de baixo orçamento.
Apesar de a grande antagonista da história ser a própria morte, que se manifesta como uma presença e não como um personagem físico, desta vez o verdadeiro vilão é o terceiro ato. Depois de uma introdução e desenvolvimento extremamente eficazes, que fazem o filme de quase duas horas parecer consideravelmente mais curto, a conclusão decepciona. Apressada e sem impacto, ela praticamente replica um desfecho já visto na série, deixando um gosto amargo para os que esperavam algo inovador.
Premonição 6: Laços de Sangue cumpre seu papel de revitalizar a franquia, preservando os elementos que garantiram seu sucesso enquanto introduz algumas novidades bem-vindas. Como já era esperado, roteiro, direção e atuações não trazem nada particularmente impressionante, mas o longa consegue se consolidar como o mais competente da série em muito tempo. E, apesar de múltiplos filmes explorando a impossibilidade de escapar do próprio destino, parece que a saga Premonição permanecerá viva por mais alguns anos.
Nota: 6/10