Depois que o Papai Noel é sequestrado, o Chefe de Segurança do Polo Norte precisa se unir a um famoso hacker em uma missão cheia de ação e que envolve o mundo todo para salvar o Natal.
O longa conta com vários personagens do folclore europeu, explorando superficialmente toda a mitologia que permeia São Nicolau. Conta também com um Papai Noel mais ‘moderno’, que além de maromba, agora atende pelo nome de ‘Nick’. Além disso, a história traz vários elementos fantasiosos envolvendo brinquedos e magia, aproveitando a oportunidade para colocar diversos produtos infantis na tela, usando e abusando da estratégia de ‘product placement’ para fazer marketing para ambos o público infantil e o adulto. Nenhum desses elementos é novidade para um filme de Natal, mas aqui é feito a tentativa de trazer tudo ao mesmo tempo, tentando dar um senso de profundidade para uma história que acaba sendo extremamente superficial.
Gryla (Kiernan Shipka) é interpretada por uma estrela em ascensão que, mesmo sendo a vilã principal, deve ter ao todo, no máximo, 5 minutos de tela. Levando em conta que o filme possui duas horas de duração, era de se esperar que a grande vilã da trama tivesse sido minimamente desenvolvida. E falando em personagens mal explorados, Zoe (Lucy Liu) é completamente desperdiçada; tenho dificuldade em lembrar qualquer tipo de impacto que ela teve na história, apesar de interpretada por uma atriz renomada. Papai Noel, ou ainda melhor: Nick (J. K. Simmons) é uma abordagem um tanto curiosa para um personagem tão emblemático. Ver o Noel na academia levantando peso é espalhafatoso e o ator claramente está ali apenas pelo salário.
Jack O`Malley (Chris Evans) em alguma versão do roteiro é o protagonista dessa história, mas não é essa a versão que assistimos. Aqui temos o clássico hacker que é capaz de fazer de tudo se tiver um computador à sua frente, independente do quão irracional isso seja. Evans está bem e consegue entregar um personagem que não traz na nossa memória o Capitão América, personagem da Marvel que ele passou a última década interpretando.
Callum Drift (Dwayne Johnson) é um protagonista sem graça e genérico. O ator causou bastante burburinho em Hollywood, pois aparentemente foi difícil trabalhar com ele durante a produção do longa. Se não bastasse o salário estimado em 50 milhões de dólares, parece que o carisma do ator está finalmente chegando ao limite. Ele nunca teve um alcance muito amplo com sua atuação, mas parece que nos últimos anos os limites do seu encanto têm ficado cada vez mais em evidência, pois nem ele é capaz de passar uma década interpretando a mesma persona sem causar uma sensação de cansaço. Acredito que seu trabalho para o ano que vem com a A24, The Smashing Machine, é mais uma prova do esgotamento do The Rock, que agora está finalmente procurando papéis que diferem do legado que ele tem deixado em Hollywood até então.
O diretor Jake Kasdan já havia dirigido os longas modernos da franquia Jumanji, enquanto o roteiro é assinado por Chris Morgan, responsável por diversos filmes da franquia Velozes e Furiosos. Em outras palavras, temos uma equipe criativa que já está acostumada a trabalhar com filmes nada inventivos e que dependem de marketing e elenco estrelado para seu sucesso.
É preciso destacar os diálogos do longa; é difícil determinar se estes são simplesmente ruins ou se eles acham que crianças não têm capacidade para interpretar dois adultos falando normalmente. Historicamente, os melhores filmes infantis são aqueles que conseguem encantar tanto o público juvenil quanto o adulto. Esse padrão de diálogos bobos e expositivos parece existir, em muitos casos, por uma dúvida dos roteiristas da capacidade do público jovem de compreender a história. Um erro que se torna ainda mais irritante quando o texto do filme já é demasiadamente raso.
Estamos discutindo um dos grandes investimentos da Amazon MGM Studios, um filme com orçamento de 250 milhões de dólares, que não consegue sequer criar efeitos visuais interessantes. Fica provado que dinheiro investido não é tudo para determinar a qualidade de um longa, pois além de dispensar qualquer tipo de efeito prático, faltou dinheiro na pós-produção para fazer efeitos minimamente interessantes.
Vendido como um novo clássico de Natal, Red One deve conseguir algum destaque na Prime Video durante esse final de ano antes de cair no esquecimento. Com quase nada de bom para se aproveitar, não é apenas com atores famosos que se faz um bom filme. Lamentavelmente, a Amazon está buscando visualizações no streaming, não qualidade, e a combinação de Dwayne Johnson e Chris Evans deve ser o suficiente para render o público que eles almejam.
Nota: 2/10