Rua do Medo: Rainha do Baile
Fear Street: Prom Queen
Rua do Medo foi uma trilogia de filmes lançada pela Netflix em 2021, composta por três partes que apresentam uma história conectada que se encerra no terceiro filme. Baseada nos livros de R. L. Stine, a série mistura terror, suspense e elementos sobrenaturais, ambientados na cidade de Shadyside, onde eventos macabros vêm assombrando gerações.
Diferente da abordagem cinematográfica, os livros não seguem uma única narrativa contínua. Cada volume, embora contenha referências sutis entre si, apresenta histórias independentes. Para os mais desavisados, a falta de conexão direta entre este novo filme e os anteriores pode causar estranhamento, mas a escolha da Netflix de seguir a estrutura literária e trazer novas mentes criativas ao projeto ajuda a consolidar a série como uma antologia. Esse formato oferece oportunidades para que diferentes cineastas possam explorar o terror slasher com distribuição global.
Em Rua do Medo: Rainha do Baile, o ensino médio de Shadyside se prepara para a tão esperada noite de formatura. As garotas mais populares da escola competem pela cobiçada coroa de rainha do baile, mas tudo muda quando uma misteriosa candidata entra na disputa. Conforme suas rivais começam a desaparecer sem explicação, o que deveria ser uma celebração inesquecível se transforma em um pesadelo para a turma de 1988.
A Netflix há anos explora a estética dos anos 70 e 80 como ferramenta para atrair o público, e Rainha do Baile segue essa mesma estratégia. O design de produção reforça a nostalgia, recriando com competência a atmosfera da época. No entanto, a trilha sonora apresenta inconsistências – apesar de incluir clássicos da década de 80, muitas músicas parecem mal encaixadas nas cenas em que são utilizadas.
O longa traz um roteiro bem expositivo, algo comum em filmes do gênero slasher. Um dos maiores desafios desse tipo de terror é fazer com que o espectador se importe com os personagens antes que eles sejam mortos. Para manter um ritmo coerente e um suspense crescente, o desenvolvimento emocional costuma ser sacrificado. Como a expectativa do público é que as mortes ocorram ao longo do filme, e não apenas no final, personagens sem profundidade tornam os assassinatos menos impactantes.
Para disfarçar a falta de complexidade narrativa, Rainha do Baile aposta na comédia adolescente e no tom caricato, elementos já estabelecidos na trilogia original. Além disso, por ser uma história independente, o filme pode ser assistido sem conhecimento prévio dos anteriores. Com outros três títulos já confirmados em desenvolvimento, a série deve seguir o caminho das antologias, trazendo novos enredos ambientados na mesma cidade, mas em diferentes épocas.
O mistério sobre quem está por trás dos assassinatos é envolvente, ainda que previsível. A revelação do culpado traz um certo tom de sátira, que combina bem com a proposta do filme. Para os fãs do gênero, há diversas referências a clássicos do terror, algumas explícitas e outras sutis, adicionando um elemento de diversão extra para quem gosta de caçar easter eggs.
Talvez o maior problema do filme – agravado por ser um terror slasher – seja sua violência pouco criativa. Há uma repetição excessiva de cenas semelhantes, que combinam maquiagem e efeitos gráficos de forma artificial. Em filmes onde a violência não é o foco principal, esse tipo de atalho pode ser perdoado. No entanto, os grandes clássicos do gênero são lembrados por seu uso de efeitos práticos, e não digitais.
Em meio à reestruturação das plataformas de streaming, que agora focam em margens de lucro e maior eficiência na produção, o terror slasher ressurge com a mesma proposta de quando o gênero se popularizou nos anos 70: filmes baratos e com alto engajamento, uma fórmula simples para garantir retorno financeiro. Para quem ainda não está familiarizado com esse estilo e deseja conhecer a mistura de horror com comédia adolescente, Rua do Medo: Rainha do Baile surge como uma alternativa que apresenta os principais elementos do gênero sem exagerar na violência, diferentemente dos títulos mais brutais do terror contemporâneo.
Nota: 5/10