The Monkey é a primeira de três produções baseadas em histórias de Stephen King com lançamento marcado para 2025. A obra original é um conto que não possui material suficiente para um longa-metragem. Na realidade, o filme é muito mais inspirado no conceito apresentado por King do que uma adaptação da história.
Além disso, o diretor Osgood Perkins ficou muito em alta com seu último filme, Longlegs, que estreou em 2024, e desde então muitos fãs estavam aguardando ansiosamente por esse trabalho dele com uma história original do “rei do terror”.
Um dos elementos que mais deixaram os fãs do diretor incertos foi o filme ter sido anunciado não apenas como um terror, mas também como uma comédia. Apesar de ser uma mistura de gêneros bastante comum, não tem nenhuma relação com os trabalhos anteriores de Perkins, que eram muito mais sombrios e com bastante foco na ambientação e design de produção. Uma comédia slasher destoa completamente da sua filmografia.
Quando os irmãos gêmeos Bill e Hal (Christian Convery/Theo James) encontram o velho brinquedo macaco do pai no sótão, uma série de mortes horríveis começa. Os irmãos decidem jogar o brinquedo fora e seguir com suas vidas, se distanciando ao longo dos anos. Porém, o terror parece não querer abandoná-los.
O filme tem uma estrutura de 3 arcos bem básica, e é possível identificar com precisão onde cada ato começa. Osgood Perkins, além de dirigir, também assina a autoria do roteiro, e não é nesse filme que ele irá conseguir se livrar do estigma de ser um criador que entrega muito estilo e pouca substância. Além de um arco narrativo fraco, os personagens repetem durante o longa inteiro qual é o tema central da história. Não existe confiança nenhuma na capacidade do espectador de interpretar os acontecimentos, e tudo precisa ser explicado de forma expositiva e com variados monólogos.
O primeiro arco faz um ótimo trabalho em estabelecer personagens caricatos e unidimensionais com um humor que funciona, tendo ótimos momentos de suspense e sangue que remetem aos clássicos da franquia Premonição, da década de 2000. Tudo que a introdução do filme apresenta parece que o segundo arco, de desenvolvimento, estraga. O humor não encaixa, e cenas que eram para ser engraçadas acabam sendo apenas esquisitas, recheiam uma interminável meia hora de filme que tem apenas um momento de suspense significativo. Quando o terceiro arco consegue trazer mais suspense e emoção para a tela, o humor já parece totalmente desgastado, e por não funcionar termina por apenas evidenciar a falta de profundidade emocional dos personagens.
Por mais que o roteiro seja falho, a direção de Osgood Perkins ainda é extremamente eficaz em demonstrar o apreço que ele tem pela fotografia e ambientação em seus longas. Porém, o destaque dele continua sendo o suspense, e a comédia não é um atributo forte do diretor.
Sendo um filme de baixo orçamento, acaba se criando uma dinâmica estranha quando um ator precisa interpretar dois irmãos gêmeos, mas sem dinheiro suficiente para investir em efeitos especiais e colocar os dois personagens no mesmo frame. Isso acaba gerando inúmeros problemas de montagem, pois todas as cenas de diálogos entre os dois irmãos precisam de muitos cortes, sempre usando os mesmos ângulos para as conversas, já que não era possível realmente mostrar o rosto dos dois ao mesmo tempo. E quase que para provar que não teria dado certo, o longa possui apenas um momento em que os dois personagens aparecem juntos e é perceptível que a cena foi editada.
Apesar dos problemas causados pelo baixo orçamento, Christian Convery faz um papel excelente interpretando os gêmeos quando crianças, e Theo James é competente na interpretação dos personagens adultos, mas nenhuma atuação é capaz de consertar um roteiro problemático.
The Monkey traz um dos melhores 30 minutos iniciais do terror slasher dos últimos anos, mas erra no desenvolvimento da trama e, em vários momentos, acaba se parecendo mais com uma paródia. Apesar disso, existem bons momentos de gore, com mortes criativas e bem elaboradas que irão agradar os fãs do gênero, embora não consigam surpreender ninguém.
Nota: 4/10