The Paper - 1ª Temporada
The Paper é uma série de comédia no estilo mockumentary criada por Greg Daniels e Michael Koman. Daniels é mais conhecido por ser o criador da versão americana do clássico The Office (2005 a 2013). A série estreou nos Estados Unidos no dia 4 de setembro de 2025 e tinha lançamento marcado no Brasil para 18 de setembro, mas foi adiada de última hora para o dia 25 do mesmo mês na HBO Max. Antes mesmo de sua estreia oficial já havia sido renovada para uma segunda temporada.
Em The Paper acompanhamos novamente a equipe documental que filmou os funcionários da Dunder Mifflin em The Office, mas agora a atenção se volta ao Toledo Truth Teller, um jornal do meio-oeste norte-americano em decadência. O novo editor-chefe, Ned Sampson (Domhnall Gleeson), precisa reerguer o jornal enquanto enfrenta os desafios da era digital, como a queda de circulação impressa e a concorrência gratuita online.
Apesar de The Office ser constantemente citado no marketing, os criadores deixam claro que a proposta aqui é outra. Mesmo que se passe no mesmo universo, e que Oscar Núñez esteja reprisando seu papel como Oscar Martínez, não se trata de uma continuação direta do clássico protagonizado por Steve Carell. O elenco principal é novo, o cenário é outro e a rotina profissional também. A ideia é resgatar a sensação e o estilo do mockumentary, mas sem se apoiar na mesma fórmula.
O novo elenco é interessante. Embora Ned não seja um protagonista tão marcante quanto Michael Scott, ele está cercado de personagens cativantes desde o início, com destaque para Mare Pritti (Chelsea Frei). As personalidades distintas permitem que a série explore diferentes tipos de humor, desde o sarcasmo e o nonsense até situações de constrangimento.
As sitcoms tradicionais costumavam usar temporadas longas, geralmente com mais de 20 episódios, para apresentar personagens e desenvolver dinâmicas. No modelo de streaming, esse esforço precisa ser concentrado em bem menos tempo, o que às vezes prejudica o equilíbrio entre humor e narrativa. Nos episódios iniciais, The Paper se atropela um pouco. A personagem Esmeralda Grand (Sabrina Impacciatore) é irritante de forma quase insuportável e algumas tramas românticas parecem apressadas demais.
A virada acontece a partir do quarto episódio, quando a série encontra o tom certo. Esmeralda deixa de ser apenas uma vilã incômoda e ganha arcos mais interessantes, os coadjuvantes passam a ter relações mais bem trabalhadas e o humor atinge um ritmo natural e consistente.
Ao final da temporada não temos apenas boas reviravoltas entre os personagens, mas também a prova de que existe originalidade. The Paper se afirma como algo divertido e novo, e não apenas uma tentativa preguiçosa de lucrar em cima do prestígio de The Office e de seu criador.
Talvez a maior frustração dos fãs seja a curta duração. Desde que sitcoms migraram para o streaming, poucas arriscaram temporadas longas. Em dramas, episódios de “enchimento” são vistos como perda de tempo, mas nas comédias eles muitas vezes funcionavam como espaço para a criatividade dos roteiristas. Aqui o roteiro é mais direto e coeso, o que alguns podem preferir, mas a sensação é de que faltou fôlego para mais momentos cômicos espontâneos.
No fim, The Paper consegue unir reflexões sobre a indústria contemporânea das notícias com humor afiado e personagens envolventes. A vinheta de abertura é quase uma metáfora para o que a série entrega: referências claras a The Office para conquistar o público, mas com energia nova, moderna e divertida. Com a segunda temporada já confirmada e um ambiente bem estabelecido, as expectativas são de que a continuação mantenha, e até eleve, o nível da série.
Nota: 7/10