Toy Story (1995)
Em 2025, Toy Story completa 30 anos de lançamento. Até hoje é uma das franquias mais importantes da Pixar e da história da animação no cinema. Foi o primeiro longa-metragem feito inteiramente em computação gráfica e, antes dele, a Pixar mal era vista como estúdio de cinema. Na verdade, era uma empresa de tecnologia que criava ferramentas de efeitos visuais para a Lucasfilm e produzia curtas apenas para demonstrar sua capacidade técnica.
Tudo começou a mudar quando John Lasseter, diretor e roteirista de Toy Story, foi contratado em 1983 e passou a desenvolver curtas para a empresa. Em 1986, Steve Jobs comprou a Pixar e a transformou em uma companhia independente. Jobs costumava dizer que considerava a Pixar sua maior criação, até mesmo mais importante que a Apple. Foram cerca de 50 milhões de dólares investidos de sua fortuna pessoal para manter o estúdio vivo até que se tornasse lucrativo. Quando a Pixar foi adquirida pela Disney em 2006, ele se tornou o maior acionista individual da empresa.
A trama acompanha Woody, um cowboy de pano que sempre foi o brinquedo favorito de Andy. Sua liderança é abalada pela chegada de Buzz Lightyear, um patrulheiro espacial que não percebe ser apenas um brinquedo. A rivalidade cresce até que os dois acabam separados de Andy e precisam superar suas diferenças para voltar para casa. Misturando humor, aventura e emoção, Toy Story mostra que até brinquedos podem lidar com ciúmes, amizade e a busca por pertencimento.
Lasseter sempre quis dar complexidade aos personagens. A jornada de Woody para aceitar a perda do favoritismo e a de Buzz para reconhecer que não é um astronauta real falam sobre temas universais, como aceitar limitações e encarar decepções. Mesmo os brinquedos secundários vivem pequenos arcos, cada um com suas próprias dificuldades em enxergar Woody além da imagem de líder perfeito.
O design de produção foi disruptivo para a época, rompendo com o domínio das animações 2D da Disney, como A Pequena Sereia, A Bela e a Fera e O Rei Leão. O filme equilibra comédia, drama e um clímax cheio de ação, considerando os desafios técnicos do período. Foram quase quatro anos de produção, mais de 100 artistas envolvidos e 300 processadores rodando sem parar. Renderizar um único segundo podia levar de quatro dias a duas semanas, o que tornava qualquer erro extremamente custoso.
Diferente dos musicais, que ainda eram o padrão da época, Toy Story aposta em um ritmo ágil. Mesmo com toda a carga de desenvolvimento emocional, tem menos de 90 minutos de duração, e as piadas funcionam tanto para crianças quanto adultos. O humor mescla situações visuais com diálogos sofisticados e cheios de ironia. A trilha sonora de Randy Newman ainda carrega emoção e permanece atual. Há também um senso de comunidade entre os brinquedos, que vão além do simples alívio cômico e ajudam a sustentar a narrativa. Para a época, a tecnologia inovadora era um grande chamariz, mas o que realmente torna o longa memorável é a força da história.
O impacto foi imediato. Em poucos anos, Hollywood praticamente abandonou o 2D, salvo raras exceções, e abriu espaço para estúdios como DreamWorks, Blue Sky e Illumination investirem pesado em animações digitais. Woody e Buzz se tornaram ícones globais e a Pixar deixou de ser uma empresa de tecnologia para se consolidar como o estúdio de animação mais prestigiado do mundo. Seus softwares, que chegaram a ser usados em O Exterminador do Futuro, Jurassic Park e O Senhor dos Anéis, viraram apenas notas de rodapé diante do legado cinematográfico.
Toy Story nasceu da união de mentes criativas que acreditaram no potencial do cinema de animação além do público infantil. Mesmo diante de dificuldades financeiras, a combinação de visão artística e inovação tecnológica deu origem à franquia mais importante da história das animações digitais. Sensível, engraçado e universal, o filme mostrou que a tecnologia podia servir a narrativas emocionantes e permanece como um marco eterno na história do cinema.
Nota: 10/10