Transformers One revela a origem do conflito entre Autobots e Decepticons. A história se passa no planeta de Cybertron, e não tem interação com os seres humanos ou o planeta Terra. Conhecemos a história de origem de Optimus Prime (Chris Hemsworth) e Megatron (Brian Tyree Henry), que apesar de serem conhecidos na cultura popular por sua rivalidade, já foram grandes amigos lutando por um ideal em comum.
Não é segredo que a franquia cinematográfica em live-action dos Transformers já está desgastada. Seja pelos roteiros pouco inspirados e direção confusa, ou pelas polêmicas envolvendo Michael Bay, diretor dos cinco primeiros filmes, o fracasso de bilheteria da última produção forçou a Paramount a procurar uma nova abordagem. Trazer esses personagens de volta para um mundo animado acaba é uma volta às origens, para quando a primeira série animada foi lançada com o objetivo de vender os brinquedos da Hasbro.
2024 tem sido um ótimo ano para animações, e vemos aqui o mesmo padrão adotado por outros estúdios: abandonar os visuais realistas. A Pixar está obviamente um passo à frente dos demais nesse quesito, então a alternativa é investir em estilo e identidade visual, pois uma animação não precisa imitar a realidade para ser bonita. No entanto, a decisão de colocar rostos humanizados (e iguais!) nos personagens principais é questionável, especialmente quando as expressões faciais não são muito exploradas. Além disso, com um elenco de dublagem caro e estrelado, era uma ótima oportunidade de deixar a transmissão de emoções nas mãos dos atores.
O Diretor Josh Cooley, que trabalhou em Inside Out (Divertida Mente) e Toy Story 4, parece ter tomado a decisão certa ao deixar a Pixar para trilhar seu próprio caminho. As cenas de ação são frenéticas e muito melhor dirigidas do que o padrão cheio de cortes e imagens borradas que a franquia usou e abusou nas últimas duas décadas.
O roteiro é o ponto mais polêmico do projeto, sendo excessivamente previsível e dependendo de coincidências que até o espectador menos exigente achará questionável. Além disso, era de se esperar que uma franquia com décadas de conteúdo se preocupasse em divertir tanto o público adulto quanto o juvenil, mas encontramos uma grande coleção de piadas infantis e diálogos expositivos.
Ainda assim, o filme apresenta um ótimo desenvolvimento dos dois personagens principais. Descobrimos como Optimus Prime se torna o líder lendário dos Autobots, e entendemos o que levou Megatron para o caminho da violência e vingança, mostrando que toda boa história tem dois lados. E, não que isso fosse uma tarefa difícil, mas a base mitológica apresentada é muito mais interessante e rica do que a dos filmes em live-action.
Transformers One é um recomeço sólido para a franquia, trazendo personagens antigos em uma nova ambientação. Há muitas possibilidades para serem exploradas em uma eventual sequência. Com o próximo filme da série em live-action já confirmado e uma bilheteria fraca, fica a dúvida de se a visão para uma trilogia do diretor será concretizada ou se este filme será mais um a cair no esquecimento em meio à bagunça que a franquia dos robôs alienígenas se tornou.
Nota: 7/10