Existe uma abordagem para se encarar roteiros que dita que a quantidade de histórias que podem ser contadas no cinema é bem limitada, mas que a quantidade de formas em que você pode contá-las é infinita. Nessa obra o peso do filme está nos ombros dos dois atores principais, Andrew Garfield e Florence Pugh. We Live in Time nada mais é do que a história de um casal enfrentando adversidades da vida e fortalecendo seu relacionamento através desses desafios.
O diretor obviamente soube tirar o melhor do que o elenco tinha para oferecer, e é recomendável assistir o filme com um lencinho para enxugar as lágrimas. É incrível como um dos momentos mais dramáticos e intensos do filme, acaba também sendo um dos mais engraçados, pois todos os personagens e acontecimentos são mundanos. Nós não estamos assistindo uma história especial. É uma história cotidiana, ordinária, com a qual é fácil de se identificar. Quem nunca precisou fazer algo sem estar devidamente preparado? Ou deixou a ansiedade tomar conta e perdeu o controle da situação?
O filme exige bastante atenção do espectador, em muitas cenas o que importa não é o que está sendo dito, mas sim os detalhes: uma expressão facial, a linguagem corporal, a duração do silêncio. E também tem o problema da montagem, as cenas são bem ‘embaralhadas’ cronologicamente. É preciso se atentar a detalhes, como um corte de cabelo, para saber que época da vida das personagens nós estamos assistindo, e muitas dessas mudanças de período acontecem de forma bem abrupta.
Lamentavelmente não deve existir muita campanha para a temporada de premiações, mas eu não ficaria surpreso de ver o Garfield conseguindo uma indicação para melhor ator. Esse papel se juntou a Tick, Tick… Boom! como um dos melhores da carreira dele. E o mesmo pode ser dito sobre a Florence, com o pesar que a disputa para prêmios de atriz tem sido mais disputada nos últimos anos, então as chances dela sem uma estrutura de propaganda ficam minúsculas.
Com menos de 2 horas de duração e vários momentos dramáticos, não dá para sentir o tempo passar durante a montanha-russa de emoções que a gente experimenta ao assistir esse longa. O final é interessante, um pouco clichê, mas de certa forma acalentador. Em uma indústria onde cada vez mais os grandes estúdios contam as mesmas histórias, usando sempre a mesma fórmula, We Live in Time é um filme para quem procura algo que ouse ser diferente, mas familiar.
Nota: 9/10