Y2K
Dois estudantes desconhecidos do ensino médio decidem invadir a última grande festa antes do novo milênio na véspera do Ano Novo de 1999. No entanto, o que parecia ser uma festa comum se transforma rapidamente em um caos que eles jamais poderiam ter sonhado quando o relógio bate meia-noite.
O filme começa como uma ótima comédia de época, recriando muito bem a dinâmica de humor adolescente do início dos anos 2000. O design de produção é o destaque em todo o material de marketing do longa, e por um bom motivo: há inúmeras referências ao final dos anos 90. Músicas, séries, uma locadora de filmes, e principalmente a tecnologia. Com inspiração no bug do milênio, nós vemos personagens utilizando computadores diversas vezes, e a estética desses é muito bem recriada. Até mesmo o elemento sonoro, seja pela trilha de músicas da época, seja quando alguém tenta falar no telefone quando a linha já está sendo usada para uma conexão à internet, vai trazer emoção para qualquer um que viveu nesses tempos. Como se não bastassem todos os easter eggs, o filme conseguiu até trazer uma grande estrela da cultura pop do período para interpretar a si mesmo.
Esse é o primeiro longa dirigido e escrito por Kyle Mooney. O roteiro sofre bastante após o primeiro ato, colocando o pé no freio do desenvolvimento de uma trama que já é curta (90 minutos). A história tem algumas surpresas que após a comoção acabam deixando um questionamento de se o fator choque realmente valeu a pena, pois acabamos com uma quantidade de coadjuvantes considerável para um longa de 90 minutos, com a maioria deles servindo apenas para causar mais nostalgia. Todos esses personagens são extremamente estereotipados, e o objetivo é evidentemente remeter a lembranças de outros personagens icônicos com personalidades parecidas.
Eli (Jaeden Martell) e Danny (Julian Dennison) têm uma boa dinâmica de melhores amigos, e que poderia ter sido muito melhor aproveitada. Laura (Rachel Zegler) é a garota popular e interesse amoroso do protagonista, um papel que originalmente seria de Jenna Ortega, que acabou sendo substituída na produção por conflitos de agenda. O roteiro não exige muito do elenco, com pouco desenvolvimento e situações exageradas, deixando pouco espaço para os atores brilharem.
A principal conquista do longa é recriar o sentimento de terror trash da década de 90: atuações exageradas e personagens extremamente estereotipados; uma história absurda com elementos de ficção científica; violência explícita com mortes que te fazem questionar a inteligência dos personagens; efeitos especiais baratos; e muito humor. Ainda assim, o produto final, por mais divertido que seja, não parece ter uma identidade. Atira em várias direções e não acerta o alvo em nenhuma.
Com um elenco sub-aproveitado e um ritmo lento, Y2K é uma bomba de nostalgia que não deve ser lembrada por mais nada além da estética noventista. Claramente inspirado no estilo de filmes que passou a ser conhecido como ‘stoner horror comedy’ (em tradução livre: comédia de terror maconheira), vai arrancar algumas boas risadas, mas deixar a impressão de que um longa muito mais icônico está escondido nas entrelinhas do roteiro.
Nota: 5/10