Acompanhante Perfeita teve uma campanha de marketing questionável, que revelou várias surpresas do filme, diminuindo o impacto do longa. Para aqueles que ainda não sabem sobre o que se trata o filme, minha recomendação é não pesquisar a sinopse online nem assistir a nenhum trailer. Para não estragar a experiência de ninguém, eu limitei o texto a apresentar bem menos detalhes da trama do que é apresentado no trailer e nas redes sociais.
A sinopse e todo o material de divulgação do filme vendem um thriller de terror, e apesar de não ser uma completa mentira, isso ainda é apenas uma parte da verdade. O longa se passa em um futuro de data indefinida, semelhante ao nosso presente, mas com inteligências artificiais e carros totalmente autônomos. Além desses elementos de ficção científica, também encontramos muito humor e uma pitada de romance, com críticas a relações de gênero e ao avanço da tecnologia, formando um combo que parece ter vindo direto da franquia Black Mirror.
Em Acompanhante Perfeita, a morte de um bilionário desencadeia uma série de eventos para Iris (Sophie Thatcher) e seus amigos durante uma viagem de fim de semana a uma casa de veraneio isolada no meio da floresta.
Sophie Thatcher interpreta uma protagonista completamente apaixonada. A atriz tem dedicado os últimos anos de sua carreira a filmes que navegam entre o suspense e o terror, e assim como em seu sucesso mais recente, Heretic (Herege), ela se encontra em uma situação onde sua própria existência e liberdade são questionadas durante toda a trama.
Jack Quaid faz o papel de Josh, namorado de Iris. Enquanto ela vive em função de fazê-lo feliz, ele acaba se mostrando uma pessoa desprezível e mimada. Apesar de manipulador, ele não é capaz de manter o controle de nenhuma situação por muito tempo, e é o clássico caso de alguém que parece sempre achar que sabe o que está fazendo, quando na verdade não tem ideia do quão ignorante é.
A direção e o roteiro são de Drew Hancock, que, apesar de vir de uma carreira de 20 anos trabalhando com séries de televisão, está pela primeira vez saindo do território da comédia para tentar algo diferente. Infelizmente, o equilíbrio entre o suspense e o humor não é muito bom e, apesar de uma trama que se vende como um filme de terror, sofre em manter a tensão presente ao apresentar diversos momentos engraçados durante toda a duração do longa. Apesar disso, pelo menos esses momentos são bons e acabam servindo como distração da grave falta de desenvolvimento de qualquer outro personagem. Todos os coadjuvantes são extremamente caricatos e descartáveis, e não há nenhum sentimento real de perda quando alguém morre, servindo como meras distrações para prolongar a duração do filme.
O Design de Produção também é bem fraco, somando-se à falta de profundidade do roteiro, para trazer uma distopia futurista que fala sobre o avanço da tecnologia sem contextualizar o espectador sobre o impacto que a mesma teve nesse mundo. Faltam momentos que vendem avanços interessantes e úteis da tecnologia para contrastar com a parte mais negativa que o longa se dedica a explorar. A casa de veraneio parece ser de tempos atuais e os carros autônomos são completamente iguais aos veículos modernos, fazendo-os parecer uma adição de última hora na história.
Acompanhante Perfeita é um suspense de ficção científica com elementos de terror e comédia que teria funcionado melhor como um episódio de Black Mirror. Apesar de boas atuações do casal principal e algumas ideias interessantes, não consegue causar nenhuma forte emoção no espectador e se torna um daqueles longas que, apesar de tentar, não traz nenhum impacto com suas críticas ao avanço da tecnologia.
Nota: 6/10